
Para quem não sabe, eu gosto muito de música!
E há melodias na minha vida, para todos os momentos.
Cada estilo musical representa um contexto social e uma expectativa por parte de seu público. Eu gosto e aprecio grande parte dos estilos musicais nacionais e internacionais. Presto atenção na letra e na música. Enquanto aprendo violão e guitarra vejo a música com outro sentido e (deforma) colorido (colorida).
Também gosto das histórias que cercaram a composição de muitas delas. Cada letra, acorde e história nos ensina muito sobre composição, inspiração, necessidade de cumprir repertório ou comercial.
Mas é claro, que inclusive por influência familiar, alguns estilos musicais me conquistaram logo na infância, como a música clássica, MPB, sertaneja e claro, o rock’n roll.
Assim, quero partilhar com vocês algumas percepções pessoais sobre o universo musical.
O mercado do cenário musical mudou muito. Há alguns anos, um cantor e compositor fazia música por inspiração própria, utilizando como base as experiências de vida.
As reuniões com parceiros musicais poderiam ser agendadas ou aconteciam em um momento de descontração após um show, por exemplo. Ainda envolvidos por toda energia pulsante do público, tomados pela emoção, aproveitavam a magia do momento para as novas composições.
Em outros momentos preferiam os retiros, para preparar um novo álbum.
Era também em momentos pós show que esses artistas tinham importantes insights, para as próximas composições.
Como fonoaudióloga, tive a oportunidade de acompanhar cantores em turnê, e me lembro em detalhes de cada uma dessas ricas experiências.
Hoje, o mercado musical exige de grande parte dos músicos um posicionamento diferente, e a atitude dos próprios cantores e compositores também mudou.
Seja antes ou depois de subir ao palco, a conexão com a internet, se tornou prioridade. É possível observar cantores mais jovens gastando horas respondendo a tuítes e postando conteúdos no Instagram, Facebook, Tiktok e por aí vai.
E é claro que com uma tecnologia tão presente, não foi apenas o comportamento dos músicos que mudaram, mas todas as relações, no sentido mais amplo. O compositor compõe para suprir uma demanda de mercado, muitas vezes, dentro de uma temática exigida - e não pela vivência.
Porém vale manter a atenção, que a mesma rede que nos abastece de informações com apenas um toque, pode custar experiências interpessoais enriquecedoras.
Recentemente, escutei uma história que me chamou bastante a atenção. Um dos assessores de um famoso cantor internacional, durante uma turnê deixou escapar que a celebridade, desconhece o nome dele e dos outros profissionais que o atendem rotineiramente. “Ele não olha bem para o rosto das pessoas. Não sabe quem está lá sempre com ele e comete erros como desrespeitar e maltratar”.
Refletindo sobre isso e observando especialmente as letras das músicas que são sucesso atualmente, fica claro que alguns estilos musicais ou cantores atendem a uma cultura musical superficial, para “colar” no ouvido do público por alguns dias, apenas. Esses hits são esquecidos pelo público assim que chega o próximo. A maior oferta do momento é a de artistas performáticos e midiáticos (muitos deles afinados, sim!). Que dão um show de talentos com coreografias e efeitos especiais sob os palcos, mas que não representam um estilo propriamente dito e que fará parte da memória afetiva do ouvinte. Falta espontaneidade na composição, no show, na interação.
Confesso que até gosto de algumas delas. Me divertem e passam rápido. Não ficam nem gravadas na memória de longo prazo do cérebro. E aí aos admiradores, resta apenas apreciar o nível de engajamento do ídolo nas plataformas digitais.
Sempre acho que tem lugar pra tudo no mercado, só que as relações afetivas, sociais e inspiracionais precisam continuar.
Você pensa sobre a forma como tem lidado com as exigências midiáticas e a consequência disso em suas relações interpessoais profissionais e pessoais?
Um sonoro abraço,
