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Sotaque, é para se orgulhar


O mês de outubro de 2022 foi marcado pelo 30° Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. Sediado em João Pessoa, na Paraíba, trouxe como temas centrais a inovação, a conexão e o desenvolvimento humano para o fonoaudiólogo do futuro. Experiência de uma semana inteira de conexões entre parceiros, amigos de uma vida e muita troca de conhecimentos.


O evento é organizado pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e abordou mais de 500 assuntos sobre

comunicação, saúde, educação, perícia e alimentação aliados à tecnologia e diversidade. E é claro que os conteúdos partilhados sobre comunicação, voz e performance vocal tiveram a minha maior atenção.


Uma discussão muito rica sobre sotaque, trabalho que adoro praticar tanto com jornalistas, atores e profissionais do ambiente corporativo, concluiu que traa-se de uma característica de identificação e história de vida. E por isso, deve sim ser preservado.


Trabalhamos sotaque na TV quando estamos preparando um personagem. Para a série “Reis” da Record TV estou preparando a fala de diversos personagens. Entre eles, das atrizes Jakelyne Oliveira e Maiara Walsh e do ator Gabriel Vívan. No jornalismo, por diversas vezes, trabalhamos pequenos traços de sotaque ou

regionalismos para auxiliar uma melhor produção de algum fonema, melhora da projeção da voz, mas nunca mudando ou neutralizando características.


Tenho a sorte de trabalhar em empresas de jornalismo que valorizam os diversos sotaques brasileiros. Que compreendem que é muito além de um jeito de falar. Mas do legado de um povo, e que interfere diretamente no senso de identidade. A Record TV valoriza e estimula as riquezas da fala brasileira. A ESPN tem buscado cada vez mais essa diversidade de falas tanto nas apresentações quanto nas narrações e comentários esportivos. Da mesma forma, acontecia na Fox Sports, empresa que atendi por 8 anos antes da fusão com a ESPN.

Porém, o outro lado dessa visão é que sotaque sempre foi um traço de poder em *alguns (estava algumas) ambientes profissionais.


No ambiente corporativo, recebo diversos profissionais vindos da Argentina, Peru, Estados Unidos, Chile, entre outros, que buscam falar com mais clareza e reduzir o sotaque estrangeiro.


Profissionais brasileiros também recorrem ao acompanhamento fonoaudiológico para melhorar características de sotaque porque reconhecem que sua fala pode não ser entendida com respeito ou credibilidade.


Apesar de reforçar que sotaque é um traço de estilo individual muito importante, o trabalho da fonoaudiologia pode lapidar pequenos detalhes para auxiliar o cliente a alcançar suas expectativas de maneira que se sinta confortável, satisfeito e mantenha a essência como comunicador.


Isso é na prática a fonoaudiologia promovendo inovação, conexão e desenvolvimento humano.


Além disso, sabemos que uma grande parte do que permeia a busca pela modificação do sotaque é consequência da nossa intolerância com o diferente. Estamos a todo tempo, direta ou indiretamente, selecionando e atraindo o igual. Buscamos padrões que nos sejam confortáveis e previsíveis, mas apenas

quebrando barreiras dos nossos pré-conceitos, é que conseguiremos enxergar, ouvir, admirar e aprender com o

diferente. O diferente nos tira da nossa zona de conforto, e é assim que criamos novas engramas cerebrais que nos tornam mais humanos. Que beleza há no diferente!


Um sonoro abraço,






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